sexta-feira, 2 de abril de 2010

Deu na telha: as hortas do Plantando na Cidade

Por causa do projeto de um estudante de agronomia - Marcos Victorino, da Faculdade Cantareira -, São Paulo pode ficar mais verde, literalmente. É que ele pesquisa formas de aproximar a agricultura dos grandes centros urbanos e tem, entre suas propostas, o cultivo de plantas e legumes em telhas na laje das casas, na garagem ou no quintal.


Qualquer cantinho pode virar uma horta: uma parte do quintal, um espaço da garagem, até mesmo a laje do telhado de casa. É essa a idéia que o Plantando na Cidade, idealizado por Marcos Victorino, graduando de Agronomia da Faculdade Cantareira, pretende promover em São Paulo.

O processo é simples: blocos de alvenaria suportam telhas de fibra ou cimento, que são cobertas com terra. É só plantar as sementes, manter a horta em local com incidência de um mínimo de quatro horas diárias de sol, e seguir as regras de cultivo. Pronto, está concluído um processo que, segundo Victorino, tem múltiplas funcionalidades:

- Incentivar a educação alimentar - é mais fácil e prático incorporar hábitos de alimentação saudável quando as verduras e legumes são produzidos na própria residência;
- Promover a qualidade de vida - a família inteira pode se dedicar às atividades de plantio e cultivo, como um hobby que une lazer e educação ambiental;
- Diminuir as ilhas de calor (zonas urbanas com temperatura acima do habitual na região, dada a escassez de áreas verdes e a retenção de calor provocada pelas edificações).

O Plantando na Cidade existe há pouco mais de um ano. É liderado por Victorino e apoiado pela Faculdade Cantareira. Agora, está em fase de catalogação de dados científicos - os primeiros resultados indicam que rúcula e beterraba foram as variedades que melhor se adaptaram ao cultivo na telha. Houve, também, boas colheitas de alface crespa, alface roxa, almeirão e o tipo "brasília" de cenoura. "O rodízio nas plantações cria um microequilíbrio do sistema, que controla a incidência de doenças e pragas", como explica Victorino.

Os próximos passos do projeto compreendem a formação de uma grade de cultivo com o máximo possível de variedades, e uma pesquisa sobre as formas de captação e armazenamento de água da chuva. Além disso, o estudante tem se dedicado a duas outras formas de cultivo:

- A horta com rodinhas, em que as plantações são feitas sobre superfícies móveis. As pessoas poderão passear com a horta, para que as plantas tomem sol, ou movê-la de um lugar para o outro durante o dia - por exemplo, empurrar a horta para um local iluminado ao sair para o trabalho, e recolhê-la no fim do dia;
- Uma barraca de camelô adaptada em estufa, para o plantio de orquídeas.

"Estas são idéias esdrúxulas que buscam soluções para o cotidiano", resume Victorino. "As pesquisas em agricultura no Brasil são voltadas somente para o meio rural. Estamos tentando transferir técnicas para o ambiente urbano".

Atualmente, o trabalho é realizado na Faculdade Cantareira e no Colégio Jardim São Paulo, ambos na capital paulista. O Plantando na Cidade já provocou mudanças na linha educacional da escola, ao cruzar as disciplinas para ensinar - às crianças de dois a sete anos - desde as diferenças na incidência do sol durante as estação do ano, até cada etapa de desenvolvimento das plantas. O investimento foi de R$1,5 mil em seis canteiros que somam cerca de 40 metros quadrados de plantação.

A Faculdade prevê, como estratégia de popularização do Plantando na Cidade, a criação de cursos de capacitação das técnicas e do cultivo em telhas. O projeto está aberto a visitas programadas e à cessão de dicas e informações, através do e-mail plantandonacidade@cantareira.br.

Um comentário:

Maria José Domingues disse...

Adorei a foto. Deu-me uma excelente ideia.